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A GNOSE E A RELIGIÃO CIVIL

 

A gnose ou Gnosticismo foi uma corrente mística-filosófica surgida na antiguidade.

A Gnose era dualista e pregava a separação entre o bem (espírito) e o mal (matéria).

 

Principais pontos da doutrina:

 

Existe um deus do bem que criou o mundo espiritual e o homem como puro espírito e um deus do mal, criador do universo (mundo material) e o nosso corpo físico.

O nosso espírito (essencialmente bom e criado pelo deus do bem) foi aprisionado pelo deus do mal em nosso corpo (material logo, mau). Por isso seríamos sofredores nesse mundo.

 

Algumas pessoas podem vencer a matéria, tendo acesso à sua verdadeira essência divina, mediante meditações e rituais, recebendo então o conhecimento divino.

 

Essa doutrina se espalhou na Grécia, Oriente, África e Império Romano, mesclando-se com outras religiões e filosofias.

 

A Gnose acabou se mesclando também com o Cristianismo.  As heresias que a Igreja combateu tiveram influência direta ou indireta da Gnose.

 

Joaquim de Fiori

Século XII: o místico Joaquim de Fiori, interpreta a história como sendo o desenvolvimento de três eras: a do Pai, a do Filho e a do Espírito.

A Era do Pai corresponde ao período do Antigo Testamento, marcado pelos patriarcas.

A Era do Filho corresponde à era Cristã.

A Era do Espírito seria uma era de felicidade e abundância, porque o Espírito Santo se revelaria diretamente aos homens, sem a necessidade de sacerdotes nem da Igreja.

 

A Religião Civil:

 

De acordo com o cientista político Eric Voegelin, as filosofias e ideologias políticas da modernidade sofreram influências desta gnose joaquimita e sua divisão da história em três fases:

Auguste Comte – fases teológica, metafísica e positiva;

Karl Marx – sociedade sem classes, sociedade com classes e novamente, sociedade sem classes;

Adolf Hitler – primeiro, segundo e terceiro Reich.

 

Voegelin atribui as principais ideologias totalitárias do século XX, como o nazismo e o comunismo são formas de religião civil de origem gnóstica.

A divinização de líderes políticos, como nas teocracias romana e egípcia, é consequência da Gnose.

Por isso que no totalitarismo moderno existe o culto ao líder, como a idolatria a Hitler, Mussolini, Stalin, Lenin. Tais ideologias são promessas de uma espécie de paraíso terrestre.

 

A separação entre as esferas religiosa e política se deu com o Cristianismo: "Dai César o que é de César e a Deus o que é de Deus" - com esta frase, Jesus diz claramente que Deus e o imperador não são a mesma pessoa.

 

Entretanto, a filosofia moderna, baseado nas doutrinas gnósticas se manifestaram contra esta separação, como o maior teórico do abolutismo político Thomas Hobbes, em que o Leviatã (Estado) deveria portar a espada (poder político) e o báculo episcopal (poder religioso), reivindicando a volta do cesaropapismo.

 

Também o supracitado Rousseau, inspirado em Hobbes, defende tal união, e, inclusive, criando um nome para esse fenômeno - Religião civil - termo usado na ciência política para designar como a política adquiriu característica religiosas.

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