Totemismo – A religião como Experiência Social na perspectiva Durkheimiana
Para Durkheim, a religião, é antes de mais um “fenômeno social”. Esta intuição nasce com base na observação de tribos Australianas, que para o sociólogo francês são as que melhor apresentam as características típicas do totemismo (embora este tenha sido descoberto em primeiro lugar nas tribos Índias da América do Norte) e as que apresentam maior segurança nos dados científicos: são completamente homogêneas e embora apresentem variáveis entre si, estas tribos têm uma estrutura social comum. Por outro lado, o autor defende que esta é a mais primitiva forma de religião que se pode encontrar, contendo nesta, elementos comuns a todo o fenômeno religioso.
A maior parte destas Tribos Australianas apresentam-se sustentadas por uma estrutura base: o clã. Os indivíduos que compõem este grupo não se consideram próximos por terem algum tipo de parentesco, por serem pais, filhos, primos, etc., uns dos outros, mas por possuírem o mesmo nome, no sentido em que o grupo a que pertencem está ligado indelevelmente como uma família por responder igualmente perante a mesma palavra que os define, o totem, com o qual têm uma relação visceral.
(...) Seja como for a forma totêmica, Durkheim, defende que a sua escolha depende mais da organização do clã propriamente dita do que da religião em si, ou seja, a escolha desta entidade é sociológica, e consequentemente, o que dita a penetração do homem no transcendente é a sua rede social/ relacional. Por isso o totem não é somente um nome, mas um emblema distintivo, como um brasão ou um escudo. Ora, este emblema não é simplesmente um elemento decorativo ou um objecto profano de identificação e apreciação, como parecem aparentar certas pinturas no corpo, ou mutilações e outras marcas que servem para aproximar o membro ao seu totem, mas, pelo contrário assumem uma inclinação sagrada, como por exemplo a utilização de certas pinturas corporais, tatuagens, e outras, que são usadas em certas cerimônias religiosas sendo uma parte integrante da liturgia.
(...) Daqui de conclui que o totem não é mais que um símbolo, a expressão material, por um lado, de um princípio divino totêmico e por outro da sociedade determinada que é o clã, a marca distintiva em relação a outras comunidades. Deste modo, o divino associado ao totem pode ser considerado como a marca identitária do próprio clã em si, o símbolo simultaneamente divino e social. (...) A própria sociedade, sendo divinizada, atua como uma autoridade moral, que força o comportamento do Homem numa determinada direção, individualmente e colectivamente através de cerimônias religiosas e rituais.
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Como o princípio totêmico é o próprio clã, pois a entidade transcendente que aparece como externa ao Homem, este só se pode realizar através dele, que se torna imanente ao próprio clã. É isto que sacraliza o próprio Homem e a sociedade em que vive, o que necessariamente transforma a religião num fenômeno social. O totem não é outra coisa senão o clã representado materialmente.
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